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Abstract
O propósito deste artigo é analisar a composição das receitas de um segmento particular da
agricultura familiar do vale do Jequitinhonha: os agricultores feirantes, que fazem uma comercialização
regular da sua produção nos pequenos mercados das sedes dos municípios onde residem. O artigo
investiga as origens desses diversos recursos, a contribuição da comercialização, da produção do
autoconsumo, das transferências e das atividades não-agrícolas para o sustento dessas famílias rurais.
Conclui-se que as rendas produtivas ocupam um lugar destacado nas receitas familiares. O artigo revela
que as rendas de transferência têm um papel virtuoso em relação à produção, na medida em que criam
condições para o investimento de pequenos produtores. A transferência de rendas em montantes
importantes, além dos óbvios efeitos sobre a qualidade de vida, sugerem pensar sobre os rumos da
agricultura tradicional. Percebe-se que transferências desestruturam o “ótimo” de reprodução familiar,
ao criar um hiato de produção na faixa dos 50 aos 60 anos do casal nuclear e invalidar temporariamente
a relevância da capacitação originária da escolaridade como determinante na geração de rendas. De
outro lado as transferências de rendas estruturam a agricultura familiar da região por colocar recursos
exatamente no idoso, reforçando a tradicionalidade das relações internas da família.